quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Serra X Aécio - Jornalista confirma à PF que encomendou dados de tucanos

O jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao chamado "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), confirmou em depoimento à Polícia Federal que encomendou dados de dirigentes tucanos e familiares de José Serra (PSDB), como a Folha revelou na edição de hoje.

Essas informações, obtidas ilegalmente em agências da Receita Federal em São Paulo, foram parar em um dossiê que, no começo do ano, circulou no comitê dilmista.

O repórter disse que iniciou seu trabalho de investigação quando era funcionário do jornal "Estado de Minas", para "proteger" o ex-governador tucano Aécio Neves --que à época disputava internamente no PSDB a candidatura à Presidência.

Amaury não admitiu que pagou pelos dados nem que pediu a quebra de sigilo fiscal dos tucanos. O despachante Dirceu Rodrigues Garcia, porém, declarou à PF que o jornalista desembolsou R$ 12 mil em dinheiro vivo e que entregou a ele as informações protegidas por lei.

Amaury não disse à polícia se recebeu ou não orientação de Aécio ou de outros políticos de PSDB de Minas para levar adiante a pesquisa. Afirmou que iniciou a apuração após ter tomado conhecimento de que uma equipe de inteligência liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio.

O jornalista contou, contudo, que foram pessoas do PT que roubaram os dados de seu computador pessoal. O laptop, segundo ele, foi violado neste ano num quarto de hotel em Brasília.

Amaury, nessa época, já estava ligado ao "grupo de inteligência" do comitê de pré-campanha de Dilma. Sua estadia na capital era paga por integrantes do PT.

O repórter contou, também, que os dados do dossiê foram vazados à imprensa por uma corrente do PT, envolvida em disputa interna por contratos na área de comunicação.

Segundo a Folha apurou, a PF avalia que os dados sigilosos estavam nesse computador



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Serra sai em defesa de Paulo Preto


O candidato José Serra aproveitou o dia da padroeira do Brasil, 12 de outubro, para defender - e elogiar - o ex-diretor da Dersa Engenharia, Paulo Preto, acusado de desviar R$ 4 milhões da campanha presidencial tucana.

Em Aparecida (SP), Serra - que já declarou não conhecer o engenheiro responsável por várias obras no Estado de São Paulo - diminuiu a importância do "sumiço" dos R$ 4 milhões: Preto é "totalmente inocente", disse Serra.

Um dia antes, Preto declarou, em entrevista à Folha de São Paulo, que "ele (Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao país, ele tem que responder (…) Acho um absurdo não ter resposta, porque quem cala consente".

Perguntado se conhecia ou não Paulo Preto, Serra não respondeu e fez um elogio ao acusado de desvio de R$ 4 milhões: "ele é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de Engenheiro do Ano, no ano passado. Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo".

Não há dúvida de que os tucanos estão usando um telefone sem fio para se comunicar. A brincadeira onde cada interlocutor dá a sua versão do que ouve (nesse caso, do que lê na Folha de São Paulo), leva a crer que Serra está comprometido com Preto, pois sai em sua defesa.

Afinal, o candidato tucano à Presidência conhece ou não conhece Paulo Preto? Conhece sim. Eles foram fotografados juntos. Veja aqui:

No disse-me disse, Serra também assegurou não ter lido as declarações do ex-diretor da Dersa à FSP. Na entrevista, o engenheiro exonerado em abril último, fez uma ameaça ao candidato tucano, José Serra: "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro".

A #dilmanarede publicou na última terça-feira, 12, um post sobre a crise no ninho tucano, deflagrada após Dilma Rousseff ter citado o caso Preto durante debate na Band. Leia aqui sobre o leva-e-traz que tenta confundir os brasileiros.

Filme de Paulo Preto, assessor-amigo de Serra, não tem final feliz



Festa de 1 milhão, jóias roubadas e filha investigada: este é Paulo Preto, o assessor-amigo de Serra

O filme começa com uma produção hollywoodiana: uma festa de R$ 1 milhão, com direito a camelo e odaliscas, em comemoração ao aniversário de Paulo Preto, ex-diretor da Dersa (empresa que prestava serviços para o então governador José Serra). A notícia é do portal R7: http://bit.ly/bHxdWK. Preto, que ganhou o apelido de “homem-bomba do PSDB”, não explicou de onde saiu o dinheiro para o rega-bofe nababesco, realizado em 7 de março deste ano.

Na segunda cena, o trailer parece ter sido escrito por outro roteirista e é completamente modificado: saímos da película dos tempos de Ali Babá direto para um filme policial, com prisão em flagrante e tudo. A cena é protagonizada pelo "homem-bomba do PSDB" e assessor de Serra, Paulo Preto, que foi preso em flagrante por receptação de jóias roubadas. A informação é do Terra: http://bit.ly/bSmu2A.

Para fechar o roteiro criminoso outra personagem entra em cena: a filha de Paulo Preto. Advogada, Priscila Arana Souza Zahran, trabalha em um escritório que presta serviços a empresas fiscalizadas pelo pai. Priscilla figura ainda como uma das advogadas que defendem o governo paulista em um levantamento sobre as obras do Rodoanel, executadas pelo seu pai, o famoso Paulo Preto.

Serra não muda de ideia. E foi prefeito até o fim



Saiu no Globo Online: “Serra deve abraçar ideias do PV“.

Aí, ele diz que tem sido muito coerente.

Não muda ideia de um dia para o outro.

Faz parte do estilo calhorda, como diz o Ciro Gomes, de querer atribuir a Dilma uma atitude ambigua em relação ao aborto.

Interessante.

Serra exibe uma conversão tão rápida quanto a elaboração de um hamburguer no Mc Donald’s para liderar uma campanha de preservação dos Valores.

Clique aqui para ler sobre o programa do PV.

E aqui para ver que, na maior Parada Gay do mundo, ele defendeu a união dos gays.

Sobre a assim chamada coerência, convém recordar o que ele disse ao Boris Casoy sobre o compromisso de cumprir o mandato de prefeito até o fim.



E veja aqui o compromisso que ele assinou, com papel timbrado da Folha: cumprir o mandato de prefeito até o fim.

Sensacional: na balança. Lula/Dilma 10 x 0 Serra/FHC

Entenda, amigo navegante, por que o Zé Baixaria recorre à calhordice de politizar o aborto.

E porque ele afogou o FHC (extraído do Blog O Biscoito Fino e a Massa):



Copie, circule. Este é o debate que nos interessa, não esses sofismas, acusações e ilações sobre fé e moral. A luta política com política se ganha. A mensagem é simples: nós governamos o Brasil melhor que eles, com mais crescimento, distribuição de renda e liberdade, que inclui sempre, claro, tanto a liberdade de culto como a liberdade de não ter fé nenhuma. A verdadeira diferença que deve ficar clara nesta campanha é a diferença entre dois projetos políticos, expressa de forma nítida nesta comparação.

Este belo cartaz foi feito pelo @ilustreBOB (que bloga aqui) e eu o roubei lá do Celso. Para quem quiser realmente se aprofundar nos números, o blog sempre sugere este pdf.

Vídeo chocante:Chalita rompeu com Serra e foi perseguido

Gabriel Chalita foi um bem-sucedido Secretário de Educação de São Paulo, no Governo Alckmin.

Foi embora do PSDB, porque não aguentava conviver com o José Serra que, por coincidência, é o maior beneficiário das baixarias na internet.

Por exemplo.

Uma dessas baixarias pode ser punir os professores de São Paulo – para se vingar do Alckmin.

Vamos admitir que Serra tenha assumido o Governo com ódio do Alckmin, que saiu do Governo com 80% de aprovação popular.

É uma hipótese.

Ao tomar posse, num discurso ao lado de Alckmin, Serra ameaçou: vou rever todos os contratos !

Como se o Alckmin fosse um corrupto, um Arruda, um Roriz, que o apoiam.

Chalita tinha dado 5o% de aumento aos professores, ao longo de sua gestão.

Serra quase não deu aumento aos professores.

Desmoralizou-os.

E, hoje, não pode fazer comício, em nenhum lugar do Brasil, com medo de professor.

Ele que diploma não tem…

Chalita é católico, devotado, praticante.

Foi para o PSB, partido de Eduardo Campos, Cid Gomes e Renato Casagrande, campeões de voto.

Vereador, lançou-se candidato a deputado federal.

A certa altura, teve a sensação de que não se elegeria.

Passou a ser perseguido implacavelmente nas redes sociais.

E-mails injuriosos.

Acusações infâmes.

Teve que retirar um vídeo fraudulento do YouTube: uma voz imitava a dele, para elogiar a Marta Suplicy e defender o aborto.

Chalita temeu que a baixaria o derrotasse inapelavelmente.

Teve 560 mil votos.

Foi o segundo, depois do Tiririca.

Ou seja, se os que fazem baixaria na internet na suposição de que derrotam a Dilma, podem tomar uma gloriosa tunda no segundo turno.

Veja como Chalita, depois de romper com Serra, teve de enfrentar uma campanha de difamação sorrateira, baixa, de acusadores sem rosto, habitantes da treva:

Como Serra e o FHC venderam o Brasil
















Dilma trucidou o Serra. Ele é "o homem de mil caras"



Você não é o cara. Você é o homem de mil caras. Eu lamento as suas mil caras, ela disse.

Dilma partiu para cima do Serra.

Dilma foi Dilma e enfrentou o Zé Baixaria – o homem de “mil caras”.

O debate na Band serviu para mostrar que a Dilma cresce na briga.

Deixa a Dilma falar, galera !, não é isso, Agripino Maia ?

O PiG (*), nesta segunda-feira, vai se mostrar machista e diretamente atingido.

Vai acusar a Dilma de “agressiva”, expressão que ele usou, ao ser levado para as cordas e apanhar, do início ao fim.

Quer dizer que eles queriam que a Dilma sofresse com a baixaria e ficasse calada ?

O debate na Band mostrou também que ela sabe do que diz.

O Serra não tem nada dentro.

É um santarrão de pau oco: não produz uma ideia original.

E se ele achou que tinha encurralado a Dilma com o segundo turno, deu-se mal.

A Dilma citou algumas estrelas da constelação tucana, para mostrar que não vai se intimidar com a questão dos Valores e da Ética.

Ricardo Sergio de Oliveira.

Davizinho, aquele da Petrobrax, de olho no pré-sal.

Mendonção, do telefonema “isso vai dar m …”.

E a mulher do Serra, a Monica Serra, de óculos de armação vermelha, que foi dizer que a Dilma era a favor de matar criancinha – Dilma falou da Monica com todas as letras.

Ela lembrou do tucano que sumiu com 4 milhões da campanha do Serra.

A Dilma não parava de falar que eles venderam o Brasil.

O Fernando Henrique disse que o Serra é quem mais gostava de privatizar.

Você conseguiria dar a lista das empresas que você privatizou, Serra ?

Serra acusou o PT de ser contra a privatização e, se dependesse dele, os brasileiros dependeriam dos orelhões.

Não, Serra, disse a Dilma: hoje os brasileiros têm acesso à banda larga.

Dilma lembrou que o Banco do Brasil comprou a Nossa Caixa para não deixar o Serra privatizá-la.

Os aeroportos estão cheios ?

Sim, disse a Dilma.

Porque agora o pobre também pode andar de avião.

No Governo dele, só os ricos.

Serra fala em criar o Ministério da Segurança: e como é que ele deixou entrar celular nas cadeias de São Paulo para detentos simularem sequestros ?

Os delegados de São Paulo têm o Pior Salário Do Brasil, o PSDB.

O crack ?

São Paulo tem 300 mil drogados e 90 vagas para cuidar deles.

Serra retrucou, indignado: não são 95, mas 300 !

Um jenio.

Sobre os professores.

Dilma prefere tratá-los sem cassetete.

Sobre o aborto.

Quando uma mulher chegar a um hospital por ter feito um aborto, você vai atender essa mulher ou vai mandar prendê-la ?

Dilma disse que concorda com a providência que o Serra, Ministro da Saúde, adotou para regulamentar o aborto – legal – no sistema do SUS.

E acusou o vice do Serra, um tal de índio, de fazer campanha cavilosa no submundo da treva para atingir a religiosidade da Dilma.

(No horário eleitoral, antes do debate, Serra usou mil vezes a expressão “o Brasil que está nascendo”.)

Quando a Dilma perguntou se ele assumia o compromisso de manter o Bolsa Família, a Dilma lembrou que ele foi ao cartório dizer que não deixaria a prefeitura de São Paulo – e deixou.

O Serra pensou que ia encurralar a Dilma, porque ele – como os tucanos de são Paulo – é “preparado”.

Serra foi trucidado.

E, como ele, no fundo, é um homem inseguro, vai chegar agora aos próximos debates com a crista baixa, “do bem”.

Os tucanos saíram da Band com o bico entre as pernas.

Comprovaram que o jenio não tem nada dentro.

A baixaria é a última (e única) arma dele.

Será que existe uma lei tipo Maria da Penha, mas para os homens que apanham de mulher ?, pergunta o amigo navegante Cacau.

A Dilma botou o Serra no colo do Agripino, diz o amigo navegante Lau Costantin.

Em tempo: como diz o amigo navegante Pablo Diego, o Serra não foi capaz de defender nem a mulher.

Em tempo 2: Segundo o Medeiros, amigo navegante, o PiG vai dar as seguintes manchetes: Dilma mostrou o lado guerrilheira; Dilma não respeitou a Igreja e atacou o São Serra; Dilma foi armada com uma AK-47; Serra chorou nos bastidores, coitadinho ! Otavinho emprestou o lenço, que bonzinho !


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Serra e a péssima educação de SP: a culpa é dos nordestinos

Vídeo sensacional: Ciro mostra como Serra vendeu São Paulo

Mercadante fala que Serra não é formado em nada.

“Monica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor”, afirma ex-aluna da mulher de presidenciável


13/10/2010 12:39, Por Redação, do Rio de Janeiro e São Paulo


Sylvia Monica Serra foi professora de dança na Unicamp
O desempenho do presidenciável tucano, José Serra, no debate do último domingo pela TV Bandeirantes, foi a gota d’água para uma eleitora brasileira. O silêncio do candidato diante da reclamação formulada pela adversária, Dilma Rousseff (PT) – de que fora acusada pela mulher dele, a ex-bailarina e psicoterapeuta Sylvia Monica Allende Serra, de “matar criancinhas” –, causou indignação em Sheila Canevacci Ribeiro, a ponto de levá-la até sua página em uma rede social, onde escreveu um desabafo que tende a abalar o argumento do postulante ao Palácio do Planalto acerca do tema que divide o país, no segundo turno das eleições. A coreógrafa Sheila Ribeiro relata, em um depoimento emocionado, que a ex-professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Monica Serra relatou às alunas da turma de 1992, em sala de aula, que foi levada a fazer um aborto “no quarto mês de gravidez”.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na noite desta segunda-feira, Sheila deixa claro que não era partidária de Dilma ou de Serra no primeiro turno: “Votei no Plínio (de Arruda Sampaio)”, declara. Da mesma forma, esclarece ser apenas uma eleitora, com cidadania brasileira e canadense, que repudiou o ambiente de hipocrisia conduzido pelo candidato da aliança de direita, ao criminalizar um procedimento cirúrgico a que milhões de brasileiras são levadas a realizar em algum momento da vida. Sheila, durante a entrevista, lembra que no Canadá este é um serviço prestado em clínicas e hospitais do Estado, como forma de evitar a morte das mulheres que precisam recorrer à medida “drástica e contundente”, como fez questão de frisar.

No texto, intitulado “Respeitemos a dor de Mônica Serra”, Sheila Ribeiro repete a pergunta de Dilma, que ficou sem resposta:

– Se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

Leia o texto, na íntegra:

“Respeitemos a dor de Mônica Serra

“Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Mônica Serra.

“Aqui venho deixar a minha indignação no posicionamento escorregadio de José Serra, que no debate de ontem (domingo), fazia perguntas com o intuito de fazer sua campanha na réplica, não dialogando em nenhum momento com a candidata Dilma Roussef.

“Achei impressionante que o candidato Serra evita tocar no assunto da descriminalização do aborto, evitando assim falar de saúde pública e de respeitar tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor.

“Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Mônica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Mônica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado.

“Assim, repito a pergunta corajosa de minha presidente, Dilma Roussef, que enfrenta a saúde pública cara a cara com ela: se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

“Nesse sentido, devemos prender Mônica Serra caso seu marido seja eleito presidente?

“Pelo Brasil solidário e transparente que quero, sem ameaças, sem desmerecimento da fala do outro, com diálogo e pelo respeito à dor calada de Mônica Serra,

“VOTO DILMA”, registra, em letras maiúsculas, no texto publicado em sua página no Facebook, nesta segunda-feira, às 10h24.

Reflexão

Diante da imediata repercussão de suas palavras, Sheila acrescentou em sua página um comentário no qual afirma ser favorável “à privacidade das pessoas”.

“Inclusive da minha. Quando uma pessoa é um personagem público, ela representa muitas coisas. Escrevi uma reflexão, depois de assistir a um debate televisivo onde a figura simbólica de Mõnica Serra surgiu. Ali uma incongruência: a pessoa que lutou na ditadura e que foi vítima de repressão como mulher (com evento trágico naquele caso, pois que nem sempre o aborto é trágico quando é legalizado e normalizado) versus a mulher que luta contra a descriminalização do aborto com as frases clássicas do “estão matando as criancinhas”. Quem a Mônica Serra estaria escolhendo ser enquanto pessoa simbólica? Se é que tem escolha – foi minha pergunta.

“Muitas pessoas públicas servem-se de suas histórias como bandeiras pelos direitos humanos ou, ainda, ficam quietas quando não querem usá-las. Por isso escrevi ‘respeitemos a dor’. Para mim é: respeitemos que muita gente já lutou pra que o voto existisse e que para que cada um pudesse votar, inclusive nulo; muita monica-serra-pessoa já sofreu no Brasil e em outros países na repressão para que outras mulheres pudessem escolher o que fazer com seus corpos e muitas monicas-serras simbólicas já impediram que o aborto fosse descriminalizado.

“Muitas pessoas já foram lapidadas em praça pública por adultério e muitas outras lutaram pra que a sexualidade de cada um seja algo de direito. A minha questão é: uma pessoa que é lapidada em praça pública não faz campanha pela lapidação, então respeitemos sua dor, algo está errado. Se uma pessoa pública conta em público que foi lapidada, que foi vítima, que foi torturada, que sofreu, por motivos de repressão, esse assunto deve ser respeitadíssimo.

“Vinte por cento da população fazem abortos e esses 20% tem o direito absoluto de ter sua privacidade, no entanto quando decidem mostrar-se publicamente não entendo que estes assimilem-se ao repressor”, acrescentou a ex-aluna de Monica Serra, que teria relatado a experiência, traumática, às alunas da turma de 1992.

Exílio e ditadura

Sheila diz ainda, em seu depoimento, que “muitas pessoas querem ‘explicações” para o fato de ela declarar, publicamente, o que a ex-professora disse às suas alunas na Unicamp.

“Eu sou apenas uma pessoa, uma mulher, uma cidadã que viu um debate e que se assustou, se indignou e colocou seu ponto de vista na internet. Ao ver Dilma dizendo que Mônica falou algo sobre ‘matar criancinhas’, duvidei.

“Duvidei porque fui sua aluna e compartilhei do que ela contou, publicamente (que havia feito um aborto), em sala de aula. Eu me disse que uma pessoa que divide sua dor sobre o aborto, sobre o exílio e sobre a ditadura, não diria nunca uma atrocidade dessas, mesmo sendo da oposição. Essa afirmação de ‘criancinhas assassinadas’ é do nível do ‘comunista come criancinha’. A Mônica Serra é mais classe do que isso (e, aliás, gosto muito dela, apesar do Serra não ser meu candidato).

“Por isso, deixei claro o meu posicionamento que o aborto não pode ser considerado um crime – como não é na Itália, na França e em outros países. Nesse sentido não quero ser usada como uma ‘denunciadora de um ‘delito’. Ao contrário, estou relembrando na internet, aos meus amigos de FB (Facebook), que o aborto é uma questão complexa que envolve a todos e que, como nos países decentes, não pode ser considerado um crime – mas deve ser enfrentado como assunto de saúde.

“O Brasil tem muitos assuntos a serem tratados, vamos tratá-los com o carinho e com a delicadeza que merece.

“Agora volto ao meu trabalho”, conclui Sheila o seu relato na página da rede social.

Sem resposta

Diante da afirmativa da ex-aluna de Sylvia Monica Serra, o Correio do Brasil procurou pelo candidato, no Twitter, às 23h57:

“@joseserra_ Sr. candidato Serra. Recebemos a informação de que Dnª Monica Serra teria feito um aborto. O sr. tem como repercutir isso?”

Da mesma forma, foi encaminhado um e-mail à assessoria de imprensa e, posteriormente, um contato telefônico com o comitê de Serra, em São Paulo. Até o fechamento desta matéria, às 1239h desta quarta-feira, porém, não houve qualquer resposta à pergunta. O candidato, a exemplo do debate com a candidata petista, novamente optou pelo silêncio.