terça-feira, 30 de novembro de 2010

O lado oculto e suspeito do futebol


“Comitê Olímpico Internacional (COI) examinará qualquer prova de suposta corrupção de um de seus membros, após uma reportagem da BBC sobre os casos de ilegalidades na Fifa”, informa o UOL Esporte.

"O COI tem 'tolerância zero' com a corrupção e levará o tema a seu comitê de ética", completa o texto.

Análise da notícia

Se o COI levar mesmo o caso ao seu comitê de ética, seria oportuno não se ater às questões de momento, mas retroceder aos relatórios das CPIs da CBF Nike, na Câmara dos Deputados, e do Futebol, no Sendo Federal.

São os mais completos documentos sobre os bastidores da CBF e do senhor Ricardo Teixeira, produzidos a partir da quebra de sigilos bancários e fiscais da confederação.

Capa do livro que Ricardo Teixeira proibiu de circular

Assim, a reportagem da BBC é mais um capítulo de uma prática que se tornou comum no futebol brasileiro.

A pretexto de ser a instituição legalmente constituída e reconhecida internacionalmente que coordena o futebol brasileiro, a CBF tornou-se um órgão suspeito de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito de muitos.

Memória

Está na página 36 do relatório da CPI da CBF Nike:

“A CBF efetuou transferências para o exterior no mercado flutuante, de novembro de 1995 a março de 2001, o valor de 9,7 milhões de dólares, sendo 2,1 milhões de dólares a título de capital brasileiro de curto prazo – operações com ouro, representando 21,81% no mercado flutuante.”

O que isso significa?

“Essas operações trazem informações incompletas, pois não indicam qual o país de destino nem o nome do recebedor no exterior.”

O dinheiro, claro, foi obtido através dos contratos que a CBF assina com seus vários patrocinadores. Mas são usados em favor de quem? Do fortalecimento interno do futebol? Do uso de novas tecnologias para acabar com a violência nos estádios?

Não! O dinheiro vai para o exterior, mas não se sabem quem é o beneficiado...

Enquanto isso, quem cuida da segurança dos estádios é o Ministério do Esporte, que implantará sistema caríssimo a ser pago com o dinheiro do torcedor-sofredor.

Estarrecedor

Observem o seguinte capítulo:

“Ricardo Teixeira, ao depor na CPI da CBF Nike, não soube explicar o motivo dessas transferências em dólar-ouro para o exterior”.

Que tal? Quanta falta de memória!!

Fonte milionária

O que o jornalista inglês Andrew Jennings tem feito nas últimas décadas é mostrar que o esporte de rendimento tornou-se fonte milionária de enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, corrupção e incentivo ao consumo de drogas.

Drogas? Claro! Porque, como dizem os especialistas, “esportes provocam emoções e emoções vendem”.

Assim, quando um atleta vai ao pódio, lindo e sadio, exibindo a marca de seu patrocinador para milhões de pessoas mundo afora, aquela imagem é multiplicadora de um faturamento sem fim.

Estão aí os velocistas norte-americanos – e brasileiros, inclusive – que aos poucos foram se revelando dopados para se tornarem mais fortes, vencedores e, assim, mais ricos, por conta de seus patrocinadores. A cadeia fecha-se nesse círculo.

Seleção

Aqui, como a CBF é responsável pela Seleção Brasileira, tudo é feito de forma nacionalmente legal, inclusive os 11 patrocínios milionários que sustentam a estrutura.

A partir daí, usa-se o Hino Nacional, a Bandeira Nacional e as cores – verde e amarelo – para identificar que essa instituição – a Seleção Canarinho – representa o nosso país.

Ou seja, a Seleção que provoca emoções – e vende, muito – é validada pelo torcedor e tem a chancela governamental, enquanto no outro extremo o cartola esperto envia o dinheiro para o exterior, mas não sabe para onde nem para quem...

Entenderam?

Nenhum comentário:

Postar um comentário