sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brasileiros são contra o atual modelo do Comitê da Copa.

Pesquisa LANCE!-Ibope revela que população deseja maior participação social.

Pelo menos na história recente da organização de Copas do Mundo, o Brasil foi o único país que deixou tudo nas mãos do Comitê Organizador Local, como o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, reconheceu em entrevista exclusiva ao LANCE!, no fim de outubro. Desde os EUA, em 94, os governos e entidades privadas participam da organização das copas.

Essa era a vontade da população brasileira. O modelo criado por Teixeira foi totalmente rejeitado pela maioria dos entrevistados na pesquisa realizada pelo LANCE!, em parceria com o Ibope, publicada em agosto deste ano.

Os dados mostraram que um em cada seis brasileiros reprova a maneira como o comitê foi constituído. Um modelo em que apenas Ricardo Teixeira tem voz de comando, agora reforçado pela formação da empresa.

Para 33% dos entrevistados pela 4ª Pesquisa LANCE!-Ibope, o comitê deveria adotar gestão em que também tivesse a participação de representantes governamentais e da sociedade civil. O levantamento foi feito no primeiro semestre com 2.367 entrevistas em todo o Brasil.

O modelo adotado pela CBF foi aprovado por apenas 17% dos entrevistados. E os jovens foram os responsáveis pela aprovação atingir esse índice. Dos que estão no ensino médio, 21% o consideram ideal. Entre 16 e 24 anos, 20%.

Quanto as regiões do país, Norte e Centro-Oeste foram as que demonstraram sua preferência por um comitê nas mãos da CBF, com um índice de 22%.

A pesquisa evidenciou que a atuação da CBF não é necessária. Tanto que apenas 8% dos entrevistados declarou ser a favor de que a CBF se concentrasse somente nas questões esportivas.

O problema constatado para quem se posicionou, realmente, foi a falta de um modelo misto de gestão com a participação do governo da sociedade civil.


OS COMITÊS DAS ÚLTIMAS COPAS


África do Sul 2010

O comitê organizador local foi formado pela parceria entre o governo e a federação de futebol sul-africana (SAFA), com apoio de outras associações nacionais e regionais. A liderança ficou a cargo de dirigentes e administradores esportivos respeitados pela sociedade do país.


Alemanha 2006

O comitê era controlado pelo próprio governo alemão, com pouca participação da federação de futebol. O Ministério do Interior coordenou a comissão, acima dos outros ministérios, mas teve a figura mais importante do esporte no país como líder: Franz Beckenbauer.


Coreia 2002

O comitê sul-coreano foi formado principalmente pela associação de futebol local (KFA) e as grandes empresas nacionais, LG e Hyundai. O governo participou pouco do comitê, por meio do Ministério de Cultura e Turismo. O líder do comitê era um executivo da LG.


Japão 2002

Era formado por ex-burocratas do governo japonês e empresários. O líder era o ex-ministro do Interior. Tornou-se uma instituição profissional de negócios com futebol. Brigou com a Fifa por discordar da venda e preços de ingressos, e sobre as acomodações.


França 1998

A Federação Francesa de Futebol coordenou, com liderança de Michel Platini. O Ministério de Juventude e Esporte participou da organização. Para coordenar interações entre comitê, Estado, e cidades, foi criada a Dicom (Delegação Interministerial para a Copa do Mundo).


Estados Unidos 1994

Com pouca experiência no futebol, que ainda engatinhava no país, a associação local (US Soccer) coordenou o comitê, com a parceria do governo norte-americano e investimento de patrocinadores e empresas de marketing.

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