terça-feira, 26 de julho de 2011

Mestre, único, idealista e inesquecível: Telê Santana, que saudade.

Professor de futebol

Quem apelidou Telê de mestre acertou em cheio.

Grandes treinadores priorizam a perfeição tática e a concentração dos atletas.

Os bons do passado fizeram o mesmo.

O maior de todos se aprofundou bem mais na função.

Também sabia muito sobre estratégia do jogo e motivação de boleiros.

A diferença gigantesca dele para os demais foi a capacidade de aprimorar os fundamentos básicos dos atletas.

Telê Santana ensinou aos seus privilegiados jogadores como tocar, chutar, cobrar escanteios, faltas, a marcar na bola….

Os treinamentos sob o comando de Telê eram aulas de futebol.

E mais: brigou pela melhora de gramados, bolas, calendários, administração do futebol brasileiro e tudo que envolvia aquilo que amava.

Nunca comprou o personagem “pop star” tal qual a maioria.

Repito: Telê amou o futebol como quase ninguém.

Antigamente, nas escolas e universidades, os alunos chamavam seus professores de mestres.

Por isso o apelido dado a Tele foi perfeito.

Cafu, ótimo exemplo

Entre dezenas de exemplos, destaco Cafu.

Ganhou brasileirões por São Paulo e Palmeiras, 2 mundiais e Libertadores pelo time do Morumbi, 1 scudetto na Roma, outro no Milan, a Uefa Champions League e o mundial de clubes pelos Rossoneri, entre outras várias conquistas, além de ter levantado a taça do pentacampeonato mundial com a seleção, onde mantém o recorde de jogos com a camisa verde e amarela.

Se os caminhos de Telê e Cafu não tivessem se cruzado no início da carreira do lateral, ouso dizer que o atleta passaria pelo futebol sem destaque e títulos.

Sem segredos

A capacidade de melhorar os jogadores fez Telê montar vários times que deram espetáculo.

Só o Mestre conseguia planejar e colocar em prática o tão desejado futebol arte.

Hoje em dia algumas equipes têm seus lampejos artísticos, mas nenhum técnico passará por diferentes agremiações e conseguirá fazê-las jogar bonito.

Pessoal

Telê foi muito importante para mim.

Eu ía a todos os jogos do São Paulo na capital paulista e na maioria fora dela desde o final dos anos 70, início dos 80.

Eu era músico, além de torcedor intrometido e corneteiro, metido a conhecer os bastidores do clube.

Fiquei sabendo de um boato sobre o desejo do então presidente José Eduardo mesquita Pimenta de demitir o mestre algum tempo depois de ele ganhar o brasileirão contra o Bragantino.

Minhas informações da época davam conta que a direção de futebol (Márcio Aranha, Fernando Casal de Rey) estava contra a idéia e havia um racha.

Decidi juntar um grupo de amigos que também frequentava todos os jogos para protestar.

Saíamos da arquibancada, driblávamos a segurança até chegarmos ao vestiário onde gritávamos o nome de Telê sem parar.

Fizemos isso anos seguidos, até ele se afastar do São Paulo por problemas de saúde.

O apoio era irrestrito.

Não dependia de resultados ou erros e acertos do mestre.

Confiávamos cegamente nele.

Alguns meses depois de ver aquele bando de malucos em São Paulo, interior, noutro estado e país repetindo duas ou 3 vezes por semana a procissão em seu nome, Telê veio falar com a gente.

As conversaram viraram rotina após os jogos.

Como eu era viciado em tática e um baita cara de pau na hora de perguntar, usei a abusei dos conhecimentos táticos e técnicos do professor.

E da boa vontade dele também.

Utilizo muita coisa que aprendi com ele no meu ganha pão hoje em dia.

Nos primeiros anos do curso de jornalismo trabalhei em uma rádio comunitária (pirata) chamada Cidadã.

Na época sonhava em viver de maneira alternativa, longe da grande imprensa.

O pessoal gostou de mim e rapidamente ganhei um programa de 1 hora diária.

Gentil como não era com boa parte da imprensa, em especial com quem não enfrentava o presidente da FPF, desafeto do mestre, Eduardo José Farah (defendia a tese que o estadual era mais impórtante que a Libertadores), várias vezes ele entrou ao vivo para ser entrevistado por mim na humilde rádio.

Não há forma de agradecer ao mestre pelos momentos de alegria, encanto e aprendizado que vivi.

Hoje ele completaria 80 anos.

Saudades do mestre.

Separei alguns vídeos para lembrar Telê Santana

O caminho do mestre Telê Santana

Documentário de Arthur Fontes e João Moreira Salles, 1996


Telê Santana: Meio Século de Futebol-Arte

Documentário de Ana Carla Portella e Danielle Rosa



Brasil de 1982




São Paulo de 92 e 93




Homenagem ao mestre

Nenhum comentário:

Postar um comentário